INTRODUÇÃO
A civilização egípcia é uma das mais estudadas e admiradas de todos os tempos pelas nações ocidentais. Certa vez um soldado do exercito de Napoleão encontrou uma pedra com diversos desenhos (sobe-se depois que eram hieróglifos). Eram na verdade letras que compunham um texto, e que foram decodificados em 1799 por um cientista francês chamado Jean-François Champollion. Esta pedra era egípcia, e recebeu o nome de Pedra de Rosetta, e a partir dela se pode conhecer muito sobre o mundo antigo do Egito.
A partir de então
constituiu-se a ciência da egiptologia. Sua aplicação imediata serviu para a
tradução e interpretação dos textos pintados e gravados em muros e esculturas
de templos funerários. Esses textos, por sua vez, revelavam a função desses templos:
repouso de reis e nobres e de seus incalculáveis tesouros, após sua morte.
Muito pouco, no entanto, resistiu até os nossos dias. Os magníficos tesouros
dos faraós foram, em sua época, alvo de assaltantes e ladrões, que ignoraram
seu suposto significado intocável e sagrado.
As obras
conservadas mais significativas pertencem ao chamado império novo. A imponência
e beleza dos templos (incluindo a pirâmides) de Luxor e Carnac e o delicado trabalho de ourivesaria também em objetos de uso diário (peças de decoração tais como brincos e pulseiras) refletem o apogeu de uma cultura que procurou fazer da beleza das manifestações artísticas, uma oferta a
suas inúmeras divindades, cada qual para uma situação. Essas entidades
costumavam ser representadas por esculturas com corpo de homem e cabeça de
animal, vestidas com os mesmos trajes usados pelo faraó, que era considerado um deus na terra.
A PINTURA
A pintura egípcia
teve seu apogeu durante o império novo, uma das etapas históricas mais
brilhantes dessa cultura. Entretanto, é preciso esclarecer que, devido à função
religiosa dessa arte, os princípios pictóricos evoluíram muito pouco de um
período para outro. Se mantiveram sempre dentro do mesmo
naturalismo original. Os temas eram normalmente representações da vida
cotidiana e de batalhas, de lendas religiosas ou da vida após a morte.
Os egípcios não
representaram as partes do corpo humano com base na sua posição real, mas sim
levando em consideração a posição de onde melhor se observasse cada uma das
partes: o nariz e os cabelos aparecem de perfil, que é a posição em que eles
mais se destacam; os olhos, braços e tronco são mostrados de frente. Essa
estética manteve-se até meados do império novo, manifestando-se depois a
preferência pela representação frontal. É possível também que os egípcios não faziam as representações humanas de modo real para que o povo não pensasse que a pintura era um deus e passasse a adora-la. Esta forma de representação é chamada de Lei da Frontalidade.
A ESCRITA
Uma importante parte da arte egípcia é representado pela escrita. Um sistema de mais de 600 símbolos
gráficos, denominados Hieróglifos, desenvolveu-se a partir do ano 3300 a.C. e
seu estudo e fixação no império egípcio foi tarefa dos escribas (homens letrados que trabalhavam para o faraó). O suporte dos escritos era um
papel fabricado com base na planta do papiro. A escrita e a pintura estavam
estreitamente vinculadas por sua função religiosa. As pinturas murais dos
hipogeus (templos escavados nas rochas) e as pirâmides eram acompanhadas de textos e fórmulas mágicas
dirigidas às divindades e aos mortos.
ESCULTURA E OURIVESARIA
A escultura egípcia
foi antes de tudo animista, encontrando sua razão de ser na eternização do
homem após a morte. Foi uma estatuária principalmente religiosa. A
representação de um faraó ou um nobre era o substituto físico da morte, sua
cópia em caso de decomposição do corpo mumificado. Isso talvez pudesse
justificar o excesso de naturalismo alcançado pelos escultores egípcios,
principalmente no império antigo. Com o passar do tempo, a exemplo da pintura,
a escultura acabou ficando menos realista.
As estatuetas de
barro eram peças criadas para completar o conjunto de objetos
no ritual funerário do faraó e dos nobres. Já a estatuária monumental (de grande dimensão) de templos e palácios surgiu a
para representar e honrar o faraó.
A princípio, os retratos em forma de escultura eram privilégios de faraós e sacerdotes. Com o tempo
estendeu-se a certos membros da sociedade, como os escribas.
Igualmente
importantes foram as obras de ourivesaria (como tido no parágrafo anterior, joias e peças de decoração tais como brincos e pulseiras), cuja maestria e beleza são
suficientes para testemunhar a elegância e a ostentação das cortes egípcias. Os
materiais mais utilizados eram o ouro, a prata e pedras. As jóias sempre tinham
uma função específica (talismãs, amuletos), a exemplo dos objetos elaborados para os templos
e as tumbas. Os ourives (artistas que trabalham com ourivesaria) também colaboraram na decoração de templos e palácios,
revestindo muros com lâminas de ouro e prata lavrados contendo inscrições, dos
quais restaram apenas testemunho.
ARQUITETURA
As pirâmides são
sem dúvida as famosas e maiores obras da arquitetura egípcia. Suas técnicas de construção
continuam sendo um mistério e objeto de estudo para engenheiros e historiadores. A pirâmide
foi criada durante a dinastia III, pelo arquiteto Imhotep, e essa magnífica
obra lhe valeu a divinização. No início as tumbas egípcias tinham a forma de
pequenas caixas; eram feitas de barro, recebendo o nome de mastabas (banco).
Foi desse arquiteto (Imhotep) a idéia de superpor (colocar uma sobre a outra) as mastabas, dando-lhes a forma de
pirâmide.
Também se deve a
Imhotep a substituição do barro pela pedra, o que sem dúvida era mais
apropriado, tendo em vista a conservação do corpo do morto. As primeiras
pirâmides foram as do rei Djeser, e elas eram escalonadas (em forma de escadas com degraus). As mais célebres do
mundo pertencem com certeza à dinastia IV e se encontram em Gizé chamadas: Quéops,
Quéfren e Miquerinos, cujas lados são completamente lisos.
Outro tipo de
construção foram os hipogeus, templos escavados nas rochas (e montanhas, montes ou colinas), dedicados a várias
divindades ou a uma em particular. Normalmente eram divididos em duas ou três
câmaras: a primeira para os profanos; a segunda para o faraó e os nobres; e a
terceira para o sumo sacerdote. A entrada a esses templos era protegida por
galerias de estátuas de grande porte e esfinges.
Quanto à arquitetura das casas do povo e dos palácios, as ruínas existentes não permitem recolher muita informação a esse
respeito.
Daniel F. do Carmo
Adaptado e transcrito de: Enciclopédia Universal Digital de Arte Caras