segunda-feira, 13 de agosto de 2012


ARTE BIZANTINA

·         INTRODUÇÃO
     A arte bizantina teve seu centro de difusão em Bizâncio, mais exatamente na cidade de Constantinopla, e se desenvolveu a partir do século IV como produto da confluência das culturas da Ásia Menor e da Síria, com elementos alexandrinos. As bases do império eram três: a política, a economia e a religião. Não é de estranhar, portanto, que a arte tivesse um papel preponderante tanto como difusor didático da fé quanto como meio de representação da grandeza do imperador.
   Para manter a unidade entre os diversos povos que conviviam em Bizâncio, Constantino oficializou o cristianismo, tendo o cuidado de enfatizar nele aspectos como rituais e imagens dos demais grupos religiosos. Isso explica o fato de ícones (formas de representação) de Jesus e Maria provirem da Síria, Iraque e Egito, assim como se deu com a música e os cânticos. Também foram construídos centros de culto, igrejas e batistérios (locais de batismo), com a adoção da forma das basílicas, da sala de audiência do rei (basileus), junto com o mercado das cidades gregas.
   O apogeu cultural de Bizâncio aconteceu sob o reinado de Justiniano (526-565 d.C.). Pertence a essa época um dos edifícios mais representativos da arquitetura bizantina: a Igreja de Santa Sofia. Posteriormente, houve o período iconoclasta, em que foram destruídas e proibidas as imagens (726-843 d.C.). Passado esse período, seguiu-se uma época de esplendor e ressurgimento cultural na qual a arte bizantina foi do oriente para o ocidente, difundindo-se pelos países ou cidades que comercial ou politicamente continuavam em contato com Bizâncio: Aquisgran, Veneza e países eslavos, entre outros.

·         PINTURA
      A pintura bizantina é representada por três tipos de elementos estritamente diferenciados em sua função e forma: os ícones, as miniaturas e os afrescos (pinturas em paredes). Todos tiveram um caráter eminentemente religioso, e embora predominassem as formas decorativas preciosistas, não faltou a essa disciplina o misticismo profundo comum a toda a arte bizantina. Os ícones eram quadros portáteis originados da pintura de cavalete da arte grega, cujos motivos (temas) se restringiam à Virgem Maria, sozinha ou com o Menino Jesus, ou ao Retrato de Jesus.
   As miniaturas eram pinturas usadas nas ilustrações ou nas iluminuras dos livros e, como os ícones, tiveram seu apogeu a partir do século IX. Sua temática era limitada pelo texto do livro, geralmente de conteúdo religioso ou científico. Já os afrescos (pinturas em parede) tiveram sua época de maior esplendor em Bizâncio, quando, a partir do século XV, por problemas de custo, tomaram o lugar do mosaico. A pintura ganhou assim em expressividade e naturalismo, acentuando sua função narrativa (contar uma história em sequência), mas deixando um pouco de lado seu simbolismo.
   Sozinho ou combinado com a pintura a técnica figurativa mais utilizada foi o mosaico e com mais preponderância do que ela, pelo menos entre os séculos VI e VII,. Suas origens remontam à Grécia, mas foi em Bizâncio que se usou o mosaico pela primeira vez para decorar paredes e abóbadas e não apenas pisos. No início, os motivos eram extraídos da vida cotidiana da corte, mas depois adotou-se toda a iconografia cristã, e o mosaico se transformou no elemento decorativo exclusivo de locais de culto (igrejas, batistérios).
   Tanto na pintura quanto nos mosaicos encontramos os mesmos cânones (regras) de desenho: espaços idealizados em fundos dourados, figuras estilizadas ornadas com coroas de pedras preciosas para representar Cristo, Maria, os santos e os mártires e paisagens mais inclinadas para o abstrato, em que uma árvore simbolizava um bosque, uma pedra, uma montanha, uma onda, um rio.
   Esses princípios básicos de representação eram estabelecidos formalmente: primeiro se procurava fazer o contorno da figura, depois as formas do corpo, as roupas e os acessórios e, finalmente, o rosto. A variedade representativa mais interessante se deu em torno da figura de Maria. Havia tipos de simbologia definidos. Por exemplo, com a mão direita no peito e o Menino Jesus na esquerda, era a Hodigitria (a condutora); acompanhada do monograma (forma em que as letras querem dizer uma palavra e um símbolo) de Cristo era a Nikopeia (a vitoriosa) e amamentando o Menino Jesus, a Galaktotrophusa (a nutriz – aquela que nutre/alimenta).

·         ESCULTURA e OURIVESARIA
   A escultura bizantina foi influenciada pela Grécia, e ainda que a Igreja não estivesse muito de acordo com a representação estatuária (de estátuas), essa foi a disciplina artística em que melhor se desenvolveu o culto à imagem do imperador. Também tiveram grande importância os relevos, nos quais os soberanos imortalizaram a história de suas vitórias.
   Não menos importante foi a escultura em marfim. As peças mais comuns eram de alta qualidade e maestria, que os funcionários do imperador enviavam aos altos funcionários para informar sua nomeação. Mais tarde estas peças se tornaram pequenos altares portáteis de culto.
   Quanto à ourivesaria, proliferaram os trabalhos em ouro e prata, com incrustações (colagens) de pedras preciosas. Porém, poucos exemplares chegaram até nossos dias, podem ser vistos também em capas de livros de iluminúras.

·         ARQUITETURA
      Uma vez estabelecido na chamada Nova Roma (Constantinopla), Constantino (270-337 d.C.) começou a renovação arquitetônica da cidade, erguendo teatros, termas, palácios e sobretudo igrejas. As igrejas eram necessárias já que o cristianismo havia sido oficializado e era preciso torna-lo público e definitivo, expressando-o em edifícios abertos ao culto. As primeiras igrejas seguiram o modelo das salas da basílica grega (casa real), ou seja: uma galeria ou nártex, às vezes ladeada por torres, dava acesso à nave principal (espaço interior do templo), separada por fileiras de colunas de uma ou duas naves laterais (espaços como galerias). No lado oeste, o transepto, ou nave principal, se comunicava com a abside (nave lateral). O teto era de alvenaria (tijolos) e madeira.

   Chegaram até nossos dias as igrejas mais importantes do reinado de Justiniano (526-565): Santa Sofia, Santa Irene e São Sérgio e Baco. Foi nessa época que se iniciou a construção das igrejas de planta de cruz grega, cobertas por cúpulas em forma de pendentes, conseguindo-se assim fechar espaços quadrados com teto de base circular. Esse sistema se transformou no símbolo do poderio bizantino.

   A arquitetura de Bizâncio se difundiu rapidamente pela Europa ocidental, mas adaptada à economia e possibilidades de cada cidade. Não se deve esquecer que Santa Sofia foi construída sem a preocupação com gastos, algo que os demais governantes nem sempre podiam se permitir. São Vital e Santo Apolinário Novo, em Ravena, a capela palaciana de Aquisgran, São Marcos, em Veneza, e o mosteiro de Rila, na Bulgária, são igrejas que melhor representaram e reinterpretaram o espírito da arquitetura bizantina.

Iconoclasta: Destruir, eliminar toda forma de ícone (imagens) que representem alguma forma de deidade para culto.

Obs. Para leitura e consulta com imagens acesse o blog da disciplina: http://ccbharte7.blogspot.com/

ATIVIDADES

1- No século V, em Bizâncio, emergiu um novo império cristão que duraria mil anos, criando uma nova forma de arte, nascida do Cristianismo. Em Roma, nas antigas catacumbas cristãs, há uma série de murais que datam das perseguições aos cristãos nos séculos III e IV. São os primeiros exemplos de pintura cristã a influenciar o Período Bizantino. No século IV, o imperador Constantino reconheceu o culto livre aos cristãos do Império Romano. A arte cristã primitiva evoluiu então para a arte bizantina. O mosaico foi uma das expressões artísticas principais do período e suas características de criação influenciaram mais tarde a arte gótica. Os ícones também marcaram esta primeira etapa da arte bizantina.
   Nos séculos VIII e IX, o mundo bizantino foi dilacerado por uma controvérsia sobre o uso de pinturas ou entalhes na vida religiosa. Toda representação humana que fosse realista poderia ser considerada uma violação ao mandamento de não adorar imagens esculpidas. O imperador Leão III proibiu qualquer imagem em forma humana de Cristo, da Virgem, santos ou anjos. Como resultado, vários artistas bizantinos migraram para o Ocidente. Em 843, a lei foi revogada. Qual o nome dado a esse pensamento (idéia, fundamento) que gerou tanta controvérsia resultando na lei da proibição de produção de imagens realista de figuras divinas?

A)   Desfiguratividade Cristã
B)   Desfiguração Sacra
C)   Icöne - phroibidums
D)   Iconoclastia
E)   Iconologia

2- Leia o salmo 115 e produza um pequeno texto fazendo uma análise e relação entre o salmo, a produção de imagens para culto, e a lei da iconoclastia bizantina.

3- O mosaico é a expressão máxima da arte bizantina, mostrando cenas da vida de Cristo, dos profetas, e dos vários imperadores. Plasticamente, o mosaico bizantino não se assemelha aos mosaicos romanos; são confeccionados com técnicas diferentes e seguem convenções que regem também os afrescos. Neles, por exemplo, as pessoas são representadas de frente e verticalizadas para criar certa idéia de espiritualidade; a perspectiva e o volume são ignorados e o dourado é utilizado em abundância através da inserção nas obras de “folhas de ouro”. A função dos mosaicos e pinturas não era apenas decorar as paredes e abóbodas dos templos, cumprindo ainda outra função. Qual ou quais eram estas funções?

4- A arte bizantina consistiu uma mistura de influências helênicas, romanas, persas, armênias e de várias outras fontes orientais, o que produziu uma expressão artística singular e nova até mesmo em formas de composição para a época. A que se deve esta diversidade de influências nesta manifestação artística?

5- A arquitetura representou importante destaque na arte bizantina, apresentando uma série de inovações em suas elaborações e fazendo uso de artifícios herdados de expressões anteriores tais como o arco, a abóbada, a cúpula, o plano centrado, de forma quadrada ou em cruz grega, a cúpula central e absides laterais. Tudo isso planejado sobre uma base circular, octogonal ou quadrada rematada por diversas cúpulas, criando assim edifícios de grandes dimensões, espaçosos e profundamente decorados. Um grande triunfo da arquitetura bizantina foi a catedral projetada por  Antêmio de Tralles e Isidoro de Mileto que possui uma cúpula de 55 metros apoiada em quatro arcos plenos. Esta técnica permite uma cúpula extremamente elevada a ponto de sugerir, por associação à abóbada celeste, sentimentos de universalidade e poder absoluto. Apresenta pinturas nas paredes, colunas com capitel ricamente decorado com mosaicos e chão de mármore polido. A catedral citada é:

A)     Catedral de Santa Rosa
B)      Catedral de Santa Sofia
C)      Catedral Universal de Constantinopla
D)     Catedral Bizantina
E)    Catedral da Santa Fé